quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Religião: Para Que Preciso Disso ?

"A religião é um suporte para aqueles que não têm força suficiente para aguentar as pressões da vida". "Eu não sinto necessidade de religião, minha vida vai muito bem como está". "Por que você não pode encontrar forças em si mesmo para lutar?" Declarações como estas são pronunciadas frequentemente em nossa sociedade. As pessoas não refletem tanto uma atitude de agressão ao cristianismo, mas quase que um sentimento de indiferença a qualquer relevância pessoal do mesmo para suas vidas. Além da indiferença existe um elemento de perplexidade sobre a ênfase que o cristianismo dá à idéia de "graça" e atividade religiosa. Frequentemente ouvimos das pessoas: "Não sei por que não posso agradar a Deus vivendo apenas uma vida boa, fazendo meu dever como cidadão responsável, evitando atos criminosos graves, e sendo bom para o meu próximo. Por que preciso ser religioso? Por que devo agir piedosamente, com expressões de arrependimento e oração, e todos os movimentos "religiosos" certos?"
O humanismo como um "ismo" se manifesta sob formas diversas. Todas as suas formas, porém, enfatizam bastante o valor de virtudes humanas como honestidade, industriosidade, justiça, caridade e outras, caso elas sejam exaltadas como pré-requisitos para o bem-estar geral da humanidade. O humanista irá envolver-se frequentemente em atos heróicos de auto-sacrifício a fim de avançar a causa da dignidade e liberdade humanas. Em certos pontos é fácil confundir o cristianismo com o humanismo porque o primeiro também se ocupa profundamente dos valores, virtude e bem-estar dos homens. O ponto básico de diferença, porém, está nas respectivas avaliações da capacidade moral do ser humano. O humanista reconhece a imperfeição deste. Ele sabe que as pessoas são capazes de cometer toda sorte de atos cruéis e atrozes, permanecendo, todavia convencido de que o mal é apenas um defeito que marca o exterior do homem, confiando em que o coração do mesmo é basicamente bom. Enquanto o indivíduo mantiver um certo padrão de virtude, não precisará depender de recursos religiosos para desculpar sua falha em adquirir essas virtudes. A autodisciplina e o esforço são requeridos em lugar de uma atitude piedosa de oração e jejum. "Deus ajuda os que se ajudam" é o refrão do humanista.
O conflito entre o cristianismo e o humanismo dá-se em relação aos padrões finais. O cristianismo não avalia a performance da humanidade baseado na média nacional ou num denominador comum baixo de comportamento humano. A bondade não é definida pela estatística normal. O cristianismo afirma que o homem normal é o homem decaído. O padrão de bondade é encontrado na santidade de Deus. O cristianismo leva a sério o mandamento divino: "Sede santos, porque eu sou santo" (Levítico 14.44; 1Pedro 1.16). O papel do homem como portador da imagem de Deus traz consigo uma pesada responsabilidade moral que não pode ser neutralizada por um padrão relativo de bondade.
Se perguntarmos por que é necessário que a graça seja o centro da vida cristã, a resposta é muito simples: O homem é moralmente incapaz de conseguir entrar no Reino de Deus por seus próprios meios. Ele não é bom o bastante para merecer uma relação eterna com Deus.
O Novo Testamento torna perfeitamente claro que nossos mais nobres esforços de auto-reforma ou virtude humana ficam muito aquém daquilo que a santidade de Deus exige. O apóstolo Paulo estabelece isso decisivamente quando declara: "Ninguém será justificado diante dele (de Deus) por obras da lei" (Romanos 3.20).
Quer dizer, o Novo Testamento não somente esclarece que nossos frágeis esforços no sentido de sermos justos não correspondem às exigências da lei, mas também acrescenta a idéia radical de que somos moralmente incapazes de fazer o que Deus requer. Este é um "ensinamento duro". A Bíblia diz, em essência, que não conseguimos fazer aquilo que é exigido de nós. Por quê? "Porque a velha natureza pecaminosa dentro de nós está contra Deus. Ela nunca obedeceu às leis divinas e nunca o fará. é por essa razão que nunca podem agradar a Deus aqueles que ainda estão sob o controle de sua própria natureza pecaminosa, inclinados a seguir seus antigos desejos malignos" (Romanos 8.7,8). O Novo Testamento descreve-nos como sendo "carne" pela nossa natureza. Essa condição carnal envolve uma fraqueza moral tão grande que não conseguimos fazer o que Deus exige. Nascemos em estado de corrupção e compartilhamos da responsabilidade do mesmo. Todavia, não somos decaídos por causa do que fizemos, mas pelo que Adão fez por nós. Isto apresenta o problema teológico espinhoso do que chamamos de "culpa alheia", levantando uma nova pergunta: por que Deus considera-me responsável por algo que outra pessoa fez muito antes do meu nascimento? Como um Deus justo pode agir assim?
Estes são pontos difíceis de tratar com brevidade, mas um exame superficial do problema pode oferecer algumas diretrizes úteis para nossa reflexão. Posso compreender, até certo ponto, que a lei me considere responsável por atos praticados por outrem. Se eu entrar num acordo com um assassino alugado para matar alguém, posso ser acusado de homicídio em primeiro grau. Embora minhas mãos jamais toquem a arma e eu esteja bem longe da cena do crime, sou tido como culpado como se tivesse puxado pessoalmente o gatilho. Sou responsável pelo que meu representante contratado fez por mim.
O cristão acredita que o homem é decaído mas permanece livre para agir segundo a sua disposição. Em vista de esta ser corrupta, falta ao ser humano capacidade moral para obedecer a Deus. Só através de graça essa criatura decaída tem condições de ser restaurada e remida. Sem essa graça, os esforços para atingir a perfeição moral estão destinados ao fracasso.
O conceito de liberdade do humanista difere por completo do ponto de vista do cristão. As noções de liberdade humanísticas tendem a considerar o coração do homem como moralmente neutro. Noutras palavras: Quando confrontado por uma decisão moral, tenho capacidade para agir bem ou não. Não existe uma predisposição que controle minha escolha no sentido de fazer o bem ou o mal. Minhas preferências são absolutamente espontâneas. Segundo o humanista, a pre-disposição destroi a liberdade. De acordo com o cristianismo, a ausência de pre-disposição destruiria a liberdade.
Por que a graça é necessária? Para a libertação e reconciliação com Deus. Sem ela eu continuo decaído e devo enfrentar o juízo de Deus com base em minhas próprias obras.
A idéia de um julgamento final não é popular em nossa cultura. A pregação do inferno, fogo e danação não está mais na moda. Prevalece hoje a idéia de que tudo o que temos a fazer para entrar no Reino de Deus é morrer. Deus é visto como tão "amoroso" que não se importa demasiado em que cumpramos ou não a sua lei. A lei serve para guiar-nos, mas se tropeçarmos e cairmos, nosso "avô celestial" apenas piscará o olho e dirá: "As crianças nunca deixarão de ser crianças". Esperamos que Deus olhe para nós, pisque e sorria com tolerância, afirmando: "Ninguém é perfeito".
Enfrentamos o problema da imunidade ao que é santo em virtude de nossa familiaridade com o pecado. Desde que somos todos imperfeitos, consideramos essa imperfeição como importante. Temos a esperança de que se Deus vier a responsabilizar-nos pelas nossas vidas, Ele irá com certeza avaliar-nos numa escala em curva. Nossos pecados são muitos, mas não os consideramos graves demais, e Deus não iria certamente castigar-nos por causa deles. Essas suposições são tanto perigosas como imprudentes. Uma das razões para não percebermos a enorme necessidade da graça é porque operamos com um sistema de valores totalmente diverso daquele de Deus. Suponhamos que nos peçam para estabelecer 10 leis supremas pelas quais governar um país. Quantos de nós incluiríamos na lista uma ordem absoluta para honrar o país? Quantos incluiriam uma lei contra cobiçar a propriedade alheia? Quantos pensariam em acrescentar uma proibição firme contra o uso do nome de Deus em vão? Nossas prioridades e valores simplesmente não se comparam aos de Deus.
Embora a graça de Deus seja abundante e verdadeiramente espantosa, embora a mesma seja liberalmente concedida e majestosa em seu propósito, ela jamais deve tomada como certa. Nada exige que Deus seja gracioso, nem mesmo o Seu amor. Se a graça for obrigatória deixará automaticamente de ser graciosa. Se a merecermos, não será mais graça. Se Deus sentir-se constrangido a dá-la, não mais constituirá graça. Quando pensamos que Deus deve ser gracioso, confundimos graça com justiça. O maior erro que poderíamos cometer seria pensar que Deus nos "deve" de alguma forma a Sua graça. Quando começamos a refletir desse modo, está na hora de examinar de novo a lei. Uma vez que me rebele contra Deus, Ele nada me deve. Eu necessito desesperadamente da Sua graça e certamente perecerei sem ela, mas jamais posso exigir que Deus me conceda a mesma.
Amigo, não precisamos realmente ser religiosos no sentido de usar certas roupagens ou certos clichês religiosos, ou colocando no rosto um sorriso adocicado permanente, como certas pessoas "religiosas" que todos conhecemos, sejam católicos ou evangélicos. É necessário, porém, sermos religiosos quanto a depender plenamente da graça de Deus e empregar com diligência os meios da graça que Ele nos concede. O arrependimento e a fé não são opções desnecessárias para Deus. A Sua graça vem quando a pedimos. Para quem experimentou a graça do perdão, esses pedidos se tornam oportunidades para manifestações de gratidão. Nossa resposta à graça é obediência. O motivo da obediência não é entrar no Reino mas honrar o Rei que já nos garantiu acesso ao Seu Reino.
Realmente, você pode não precisar de religião, mas precisa de JESUS CRISTO.
oblogdoadail.blogspot.com

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