quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Conversão de um "Testemunha-de-Jeová" Para o Cristianismo

Testemunho de William do Vale Gadelha

Encontrar uma ex-testemunha-de-jeová já é fato raro, um ex-ancião, então, quase um milagre. Mas como o evangelho é o poder de Deus, esse milagre aconteceu. Trata-se da história do irmão Willian. Ele foi ancião das Testemunhas de Jeová durante quatorze anos, mas, desde 1998, desfruta da verdadeira liberdade em Cristo.
Hoje, seu maior prazer é ajudar outras vítimas dessa seita, ensinando-lhes que Deus não é propriedade da Torre de Vigia e que a vida não acaba para quem deixa a organização.
Seu trabalho resultou na publicação recente do livro A verdade sobre as Testemunhas de Jeová. Obra escrita em parceria com seu cunhado, Cid Miranda, também ex-ancião. E Defesa da Fé tem grande satisfação de publicar a entrevista que segue.quem deixa a organização. Seu trabalho resultou na publicação recente do livro A verdade sobre as Testemunhas de Jeová.
Obra escrita em parceria com seu cunhado, Cid Miranda, também ex-ancião. E Defesa da Fé tem grande satisfação de publicar a entrevista que segue.
Defesa da Fé - Basicamente, ser Testemunha de Jeová é negar doutrinas bíblicas. A tarefa de reaprender tudo novamente não é um desafio grande demais?
William - Não são todas as doutrinas desse grupo que negam as verdades cristãs, mas as que têm fundamento bíblico são manipuladas pelos interesses da organização. Por isso o desafio de aprender o que a Bíblia ensina é grande, pois as testemunhas-de-jeová acham que já sabem toda a verdade bíblica. Humanamente falando, é tarefa muito difícil substituir os dogmas humanos da Torre de Vigia pelo puro conhecimento da Palavra, mas "a Deus todas as coisas são possíveis".
Defesa da Fé - A história das Testemunhas de Jeová é cercada de erros e enganos. Como elas lidam com esse passado sombrio?
William - A história passada das profecias é constantemente "filtrada". A falsa profecia de que o fim do mundo viria em 1914, por exemplo, foi claramente expressa nas publicações da Torre de Vigia de 1879 até o início da Primeira Guerra Mundial. Quando o fim do mundo não ocorreu, disseram que o que fora predito foi o fim dos Tempos dos Gentios, realizado de "modo invisível" nos céus. É algo totalmente subjetivo e sem nenhum suporte bíblico. Mas a absoluta maioria deles crê que isso é verdade e ignoram que sua religião é responsável por uma das maiores falsas profecias de todos os tempos.
Defesa da Fé - De todas as gafes históricas, qual a que mais incomoda as Testemunhas de Jeová?
William - Eu poderia chamar de grande gafe histórica a mudança relacionada com a "geração de 1914". Durante muitas décadas, livros e revistas afirmaram taxativamente que o fim do mundo viria antes de a geração dos que viveram em 1914 morressem. Em 1995, tiveram de abolir este ensino. Alguns anciãos chegaram a comentar isso comigo. Foi como se o fim do mundo tivesse sido adiado. Os adeptos que esperavam não morrer ficaram muito decepcionados. Como se trata de algo recente, mencionar esse fato é um grande incômodo para as elas.
Defesa da Fé - Por que, mesmo diante disso, elas insistem em ser a religião verdadeira?
William - Primeiro, porque a noção de todos esses erros é permanentemente encoberta pela organização. A pesquisa acerca deles é francamente desencorajada. Quando abordam esses erros, o fazem de modo disfarçado, e dão a impressão de que foi algo mínimo, atribuído a alguns adeptos precipitados numa determinada época. A liderança da organização nunca é responsabilizada, ficando sempre acima de qualquer suspeita. Por um raciocínio estranho e distorcido, dizem ser "a única religião da terra aprovada por Deus, dirigida e orientada por Ele". É um marketing religioso. Porque se existe realmente "uma religião verdadeira", quem não gostaria de fazer parte dela?
Defesa da Fé - Uma coisa é fato, as testemunhas-de-jeová são extremamente persuasivas em seu trabalho de casa em casa. Que tipo de treinamento elas recebem?
William - Duas reuniões no meio da semana, a Escola do Ministério Teocrático e a Reunião de Serviço, visam treinar adeptos de todas as condições e idades para o trabalho de casa em casa. Isto inclui formas de abordagem, como apresentar os assuntos das revistas Sentinela e Despertai!, como explicar os temas mais obscuros da doutrina e como rebater as críticas mais comuns feitas à seita. Criam-se cenários de conversas informais, da vida familiar e de locais de trabalho, além de demonstrações de palestras típicas que ocorrem nas portas. No entanto, nenhuma delas está preparada para lidar com os questionamentos realmente bíblicos. São proibidas de entrar em tal tipo de conversa. Até mesmo os anciãos mais experientes não têm como explicar seus dogmas sem fundamento bíblico. Se houvesse explicações bíblicas, eu estaria lá até hoje.
Defesa da Fé - Na época, como um dos líderes desse grupo, nunca teve dúvidas sobre a idoneidade do Corpo Governante?
William - A transmissão dos dogmas da Torre de Vigia é muito bem feita. Apesar disso, havia ensinos que não pareciam bem explicados, e sempre, em todos esses anos, eu tive minhas dúvidas, embora não falasse delas com ninguém. Uma delas era sobre o ensino de que a volta de Cristo seria invisível.
Defesa da Fé - Quais são as estatísticas mundiais sobre o crescimento das Testemunhas de Jeová?
William - Desde o final dos anos 90, vinha ocorrendo uma desaceleração do crescimento, causado, talvez, pela desilusão da "geração de 1914". Até 2001, na América do Norte, Europa, Japão e Austrália, houve estagnação e até decréscimo. Eles tiraram muito proveito dos ataques terroristas a Nova York, da guerra do Afeganistão e do Iraque e passaram novamente a crescer naquelas regiões. O crescimento tinha sido de 4,4 % em 1997 e caído para 1,7 % em 2001. Depois subiu para 2,8 % em 2002. O último relatório traz um crescimento de 2,2 %. Creio que o "efeito catástrofe" dos acontecimentos mundiais já está passando e o crescimento pode cair mais nos próximos anos.
Defesa da Fé - Qual foi o estopim que resultou na sua saída do grupo?
William - O fim da "geração de 1914" me serviu de alerta, mostrou que o Corpo Governante não tinha orientação divina. Se podia estar errado nisso, podia também estar errado em outras coisas. Um dia, pela Internet, soube da existência de Raymond Franz, ex-membro do Corpo Governante e ex-testemunha-de-jeová. Pude então ler toda a história dele: a exposição que faz dos erros de décadas e décadas. Aprofundei minhas pesquisas e me choquei com a atitude irresponsável da Torre de Vigia no passado, com respeito aos transplantes de órgãos, às vacinas, ao uso médico do sangue, de como vidas humanas se prejudicaram e se perderam. Entrei em contato com Raymond Franz, já idoso, e ele nos autorizou a traduzir e distribuir seu livro, Crise de consciência, no Brasil. Em seguida, pedi nosso desligamento. O fato teve ampla repercussão em Fortaleza e, depois, em todo o Brasil. Nos meses seguintes, outros adeptos que entraram em contato conosco também se dissociaram, inclusive anciãos e servos ministeriais (diáconos). Seis anos se passaram desde então.
Defesa da Fé - Qual é o "preço" para alguém que deixa essa organização religiosa?
William - Muito alto em muitas áreas. A perda imediata total das amizades e a destruição quase total dos vínculos familiares. Você se torna um "desconhecido" para aqueles a quem antes chamava de "irmãos", ganha a denominação desprezível de "apóstata" e passa a ser considerado como passível de destruição no Armagedom, se não voltar "humilde e arrependido" a sujeitar-se aos preceitos dos homens do Corpo Governante.
Defesa da Fé - Foi esse o seu caso?
William - Foi sim. Sou o mais velho de nove irmãos. Havia, ainda, cunhados, cunhadas e sobrinhos, mas maioria deles deixou a religião na mesma ocasião em que Cid (meu cunhado) e eu saímos. Felizmente, não sofremos tanto quanto os outros. Um irmão e duas irmãs continuam lá com suas famílias. Só falam comigo o estritamente indispensável e, às vezes, nem isso. Mas o saldo foi positivo. A maior parte da família foi preservada, e isso é motivo de alegria. O Cid também perdeu boa parte de seus parentes. Mas temos motivos de ter esperança com relação a estes entes queridos.
Defesa da Fé - Fala-se muito em controle mental das seitas sobre seus adeptos. Como o senhor vê esta questão?
William - Vivemos em plena época de cultos e seitas e o controle mental é um fato. E torna-se fato bem real entre as Testemunhas de Jeová. Os discursos dos anciãos, os artigos da Sentinela e da Despertai! Repetem, de modo insistente, a posição do Corpo Governante como "escravo fiel e discreto" inquestionável. Tudo isso resulta em amortecer a capacidade de raciocínio das pessoas, deixá-las receptivas para qualquer coisa que se queira, desde que parta da liderança da religião. Essa é uma das formas mais reais que existe de escravidão. Que a leitura, a divulgação, a escrita e a Internet sejam plenamente usadas como veículos da libertação das mentes, sejam quais forem as seitas a que estejam presas!
Defesa da Fé - O que a igreja pode fazer para alcançar os adeptos esse grupo, que poderiam muito bem, com as demais seitas, ser considerados como parte dos "povos não-alcançados"?
William - Já foi dito que as testemunhas-de-jeová vão às casas das pessoas tentar "convertê-las". Seria muito vantajoso aproveitar suas visitas para lhes transmitir a verdadeira boa-nova, que tem a ver com Jesus e com o benefício redentor do seu sangue derramado para a libertação da humanidade. Qualquer um que queira ajudar essas pessoas deve preparar-se com base na farta literatura hoje disponível. Abordá-las com amor (que elas acham que as outras religiões não têm), explicar-lhes de modo calmo e paciente, com a Bíblia na mão, o que realmente Deus tem para elas. Fico especialmente jubilante quando recebo notícias de ex-Testemunhas que dizem que acharam abrigo espiritual em alguma igreja cristã. Seu zelo passa a ser bem aproveitado e não ficam como ovelhas desgarradas, situação em que maldosamente a Torre de Vigia se alegra.
 
Blog Seitas e Heresias

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